Hécate, Selene e Ártemis - As Deusas da Lua
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Hécate
Hécate na mitologia grega, é a deusa do Submundo e da Lua Negra, e segundo Hesíodo (em Teogonia), filha dos titãs Perses e Astéria. Nas tradições mais antigas da Grécia, Hécate é filha de Nix (noite) e Erebus (escuridão), ambos filhos de Caos.
O significado da palavra Hécate, em grego, é incerto. Pode ser "a que remove ou expele", o femenino de um epiteto obscuro para Apolo, ou "aquela que opera a distância", ou "vontade", ou "a distante". A sua origem é frequentemente atribuída à palavra egípcia Hekat que significaria "Todo o poder", já que supostamente Hécate teria se originado da cultura antiga do Egito, onde era a deusa parteira Hekat (fazendo também o parto do sol cada manhã) e outras vezes representada como Heket, a deusa da vida e fertilidade, com cabeça de sapo, que fazia germinar os grãos de trigo. Hek eram também as matriarcas tribais da Era pré-dinástica do Egito. A assimilação de Hécate na religião e mitologia grega foi complexa, sendo cada vez empurrada mais para o submundo. Posteriormente na idade média, era chamada de Rainha das Bruxas. No começo da era Clássica Grega, era ainda venerada em rituais, tanto para ajudar os viajantes (onde 3 caminhos se cruzavam), como nos partos e na esperança de renascimento e transformação após a morte. Mais tarde, se acreditava que, nas noites de lua nova, ela aparecia com sua horrível matilha de cachorros fantasmas diante dos viajantes que por ali cruzavam. Ela enviava aos humanos os terrores noturnos e aparições de fantasmas e espectros. Também era considerada a deusa da magia e da noite, mas em suas vertentes mais terríveis e obscuras. Era associada a Ártemis e Selene, sendo Artemis a lua nova e crescente, Selene a lua cheia e Hécate a lua nova ou negra. As três juntas representam a antiga Deusa Tríplice, ou as três faces da vida, como também das três fases da lua.
Também era uma divindade tripla dominando os céus, terra e o submundo, inclusive venerada por Zeus (mas mais tarde considerada sua filha). Na tradição tardia, onde Hecate é filha de Zeus e Hera, fala que Hecate rouba de sua mãe Hera uma maquiagem para a dar a Europa e deixa Hera furiosa. Hécate se esconde numa casa de uma mulher que recém pariu, o que a torna "impura". Para tirar sua mancha, as serventes de Perséfone a atiraram no rio Aqueron, que a levou ao submundo onde se casou com Hades. Por isso também era associada a Hades e à deusa Perséfone, a rainha dos infernos, lugar onde Hécate vivia.
Dada a relação entre a obscuridade e transformação, os magos e bruxas da Antiga Grécia lhe faziam oferendas com cachorros e cordeiros negros no final de cada lua nova. Era representada com três corpos e três cabeças, ou um corpo e três cabeças. Em uma das mãos levava a chave que guardava os mistérios ancestrais do submundo, na outra um flagelo que ajudava as almas no submundo a renascerem e na outra mão uma adaga, que corta as ilusões e é símbolo de poder ritualístico. Levava sobre a testa o crescente lunar (tiara chamada de pollos), uma ou duas tochas nas mãos e com serpentes enroladas em seu pescoço. Neste sentido lembra muito a Deusa Kali, da India, com muitas semelhanças. Os romanos assimilaram Hécate a Trívia, deusa das encruzilhadas, embora a relação dada entre ambas não seja tão perfeita como em outros casos da mitologia. Os marinheiros consideravam-na sua deusa titular e pediam-lhe que lhes assegurasse boas travessias.
Hécate uniu-se a Eetes, de quem gerou a feiticeira Circe. O cipreste estava associado a Hécate. Seus animais eram o cachorro (Sirius), leão, serpente, lobos e ovelhas negras. Suas três faces simbolizam a virgem, a mãe e a senhora, ou, nascimento, vida e morte/transformação/renascimento. Ela transmite o poder de olhar para três direções ao mesmo tempo. Esta deusa sugere que algo no passado está amarrando o presente e prejudicando planos futuros.
Nos mitos, seu papel foi sempre secundário. Participou da Titanomaquia ao lado de Zeus, ajudou Deméter a procurar sua filha Perséfone quando esta foi raptada por Hades e combateu Hércules quando ele tentou enfrentar Cérbero, seu cão de companhia no mundo subterrâneo.
Selene
Na mitologia grega, Selene (do grego Σελήνη, Selíní, "lua") era a deusa da lua. Ela é filha dos titãs Hiperião e Teia e irmã do deus do sol, Hélio e de Eos, deusa do amanhecer. Ela dirige sua carruagem lunar pelos céus. Vários amantes são atribuídos a ela em vários mitos, incluindo Zeus, Pã, e o mortal Endimião. Em tempos clássicos, Selene foi muitas vezes identificada com Ártemis, assim como seu irmão, Hélio, foi identificado com Apolo. Ambos Selene e Ártemis também foram associados com Hécate, e todos os três eram considerados como deusas lunares, embora apenas Selene fosse considerada como a personificação da própria lua. Sua equivalente romana é Luna.
Mitos
Escultura romana de Luna ou Diana Lucifera, portando uma tocha
Depois que seu irmão, Hélios, termina sua jornada pelo céu, Selene, recém-banhada nas águas do Oceano que circunda a terra, começa sua própria jornada enquanto a noite cai sobre a terra, iluminada pela radiância da sua cabeça imortal e de sua áurea coroa. Jovem e bela.
Na Arcádia, uniu-se a Pã, que a seduziu disfarçando-se com uma pele de ovelha e depois a presenteou com um rebanho de bois inteiramente brancos que ela usou para puxar seu carro noturno.
Com Antifemo ou Eumolpo, Selene teve o filho Museu, um adivinho renomado e grande músico, capaz de curar doentes com sua arte, que foi amigo inseparável, discípulo ou mesmo mestre de Orfeu.
Seu amante mais célebre, todavia, foi o jovem e formoso Endímion - um caçador ou pastor, segundo a maioria das variantes, ou um rei, segundo Pausânias. Segundo Apolônio, a pedido de Selene, Zeus prometeu a Endímion atender-lhe de imediato a um desejo, por mais difícil que fosse e ele pediu um sono eterno, para que pudesse permanecer jovem para sempre. Maravilhosamente belo, permanecia adormecido na encosta de uma montanha no Peloponeso, ou no monte Latmos, na Cária, perto de Mileto. Noite após noite, Selene descia atrás do monte para visitá-lo e cobri-lo de beijos.
Ártemis
Ártemis ou Artemisa (em grego: Άρτεμις ) era uma deusa grega ligada inicialmente à vida selvagem e à caça. Durante os períodos Arcaico e Clássico, era considerada filha de Zeus e de Leto, irmã gêmea de Apolo2 3 4 ; mais tarde, associou-se também à luz da lua e à magia. Em Roma, Diana tomava o lugar de Ártemis, frequentemente confundida com Selene ou Hecate, também deusas lunares.
O mito
Por ficar grávida de Zeus, sua mãe sofreu a ira de Hera (esposa de Zeus). Quando finalmente na ilha de Delos a receberam, Ilítia, filha de Hera e deusa dos partos, estava retida com a mãe no Olimpo. Léto esperava gêmeos, e a bela Ártemis, tendo sido a primeira a nascer, revelou os seus dotes de deusa dos nascimentos auxiliando no parto do seu irmão gêmeo, Apolo. Também é conhecida como Cíntia ou Cindi, devido ao seu local de nascimento, o monte Cinto.
Outra lenda conta que, tendo ela se apaixonado perdidamente pelo jovem Orion, e se dispondo a consorciá-lo, o seu enciumado irmão Apolo impediu o enlace mediante uma grande perfídia: achando-se em uma praia, em sua companhia, desafiou-a a atingir, com a sua flecha, um ponto negro que indicava a tona da água, e que mal se distinguia, devido à grande distância. Ártemis, toda vaidosa, prontamente retesou o arco e atingiu o alvo, que logo desapareceu no abismo no mar, fazendo-se substituir por espumas em sanguentadas. Era Orion que ali nadava, fugindo de um imenso escorpião criado por Apolo para persegui-lo. Ao saber do desastre, Ártemis, cheia de desespero, conseguiu, do pai, que a vítima e o escorpião fossem transformados em constelação. Quando a de Órion se põe, a de escorpião nasce, sempre o perseguindo, mas sem nunca alcançar.
Em algumas versões da história de Adônis, que foi uma adição tardia à mitologia grega no período helenístico, Ártemis enviou um javali para matar Adônis como castigo por sua ostentação arrogante que ele era um caçador melhor do que ela. Alguns gregos diziam ver Ártemis como uma garota de doze anos andando entre suas Ninfas, pois Deuses podem escolher a forma em que se apresentam.
Em outras versões, Ártemis matou Adônis por vingança. Nos mitos mais tarde, Adônis tinha sido relacionado como um dos favoritos de Afrodite, que foi responsável pela morte de Hipólito, que tinha sido um favorito de Ártemis. Portanto, Ártemis matou Adônis para vingar a morte de Hipólito.
Deusa da caça e da serena luz, Ártemis é a mais pura e casta das deusas e, como tal, foi ao longo dos tempos uma fonte inesgotável da inspiração dos artistas. Zeus, seu pai, presenteou-a com arco e flechas de prata, além de uma lira do mesmo material (seu irmão Apolo ganhou os mesmos presentes, só que de ouro). Todos eram obra de Hefesto, o Deus do fogo e das forjas, que era um dos muitos filhos de Zeus, portanto também irmão de Ártemis. Zeus também fê-la rainha dos bosques e lhe deu uma corte de Ninfas, para ser uma das caçadoras de sua corte, a mulher ou menina deve lhe fazer um juramento de fidelidade e total desapego á figuras masculinas, assim se tornando uma caçadora de Ártemis adquire-se imortalidade. Como a luz prateada da lua, percorre todos os recantos dos prados, montes e vales, sendo representada como uma infatigável caçadora.
É representada, como caçadora que é, vestida de túnica, calçada de coturno, trazendo aljava sobre a espádua, um arco na mão e um cão ao seu lado. Outras vezes vêmo-la acompanhada das suas ninfas, tendo a fronte ornada de um crescente. Representam-na ainda: ora no banho, ora em atitude de repouso, recostada a um veado, acompanhada de dois cães; ora em um carro tirado por corças, trazendo sempre o seu arco e aljava cheia de flechas.
O templo de Ártemis em Éfeso foi uma das sete maravilhas do mundo antigo.
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